Antes, porém, sinto-me na necessidade de fazer uma ressalva: para pensar acerca dos atentados contra o Tio Sam é preciso deixar de lado as inúmeras teorias conspiratórias que rondam e temperam o assunto, ainda que se acredite parcialmente nelas, como é o caso de quem vos escreve. Mas isso pouco importa. O fato é que, desde então, os acontecimentos se sucederam de uma forma diferente. E eu posso explicar.
Desde a queda do Muro de Berlim, em 1989, os Estados Unidos passaram a controlar de forma mais incisiva as diretrizes de um mundo pós-Guerra Fria. A vitória do capitalismo perante o socialismo soviético só não foi unânime graças a Alá e seus seguidores. Estes sempre foram entraves, ameaças em potencial para as pretensões norte americanas. Mas declarar uma guerra, simplesmente, contra essas nações, não seria muito recomendado. Isso até setembro de 2001.
De lá para cá, o jogo mudou. Os atentados possibilitaram a Bush uma nova tática, agora totalmente justificável e necessária: a guerra contra o terror.
Foi então que o presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, que se julgava presidente de toda a humanidade, pôde enfim dar vazão ao seu discurso. Presenciou seu álibi nascer no momento em que duas torres desmoronavam: atacar Iraque, Afeganistão e quem mais fosse preciso agora era uma obrigação.
A invasão do Afeganistão e a Guerra no Iraque (ordenadas por Deus, segundo Bush) só foram viabilizadas depois do fatídico Setembro 11. A democracia, que no nosso mundo foi sempre um lamentável mal-entendido, foi a desculpa lembrada por um político que fez questão de esquecê-la no momento da contagem dos votos da famigerada Califórnia de seu irmão, que concretizou sua vitória. As armas químicas e biológicas, outra desculpa esfarrapada, até hoje não foram encontradas. Mas os petro-dólares sim, podem apostar.
A ânsia de Bush em desestabilizar o Oriente Médio não surtiu muito efeito. Bin Laden continua enviando periodicamente seus vídeos, como um analista político caçoando da maior potência do mundo e de seus cidadãos-robôs. E os ameaçando, claro. O Iraque, este nem precisava de muito esforço para destruí-lo, visto que o próprio Saddam se encarregou da tarefa. A diferença é que os norte-americanos escolheram, por conta própria, terminar de afundar um barco que já estava afundando, mas não tiveram tempo de cair fora antes. Alguém duvida que os Estados Unidos perderam esta guerra?? Alguém duvida que o Iraque se tornou uma extensão de Guantánamo??
Talvez tivesse sido mais eficaz (e mais barato) para os americanos se estes tivessem arremessado calcinhas vermelhas e filmes eróticos em terras árabes. O impacto seria maior, e os resultados seriam outros, mais profundos e revolucionários, certamente.
Mas nem tudo são mísseis e bombas. A partir de 11 de setembro os estadunidenses entram em pânico até quando acaba a energia. O legado do medo e do terror, estes sim perdurarão por décadas, por gerações. Talvez a melhor prisão realmente seja aquela com 1000 janelas, e com certeza é nessa que eles estão encarcerados. Não que uma nação mereça acordar e ver aviões se chocando contra seus prédios. Mas eles plantaram, agora estão colhendo.